quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Todo mundo é chato de perto. Começo esse texto com uma frase bem clichê, que foi usada pela Marília Pêra, dia desses, pra falar sobre as dificuldades de se manter um casamento. A frase pode ser clichê, mas seu sentido é inegavelmente verdadeiro. E eu não me refiro somente à relacionamentos amorosos, mas a qualquer um deles. Quem não pensa, durante o trabalho, em dar uma chave de braço naquele colega irritante que só fala abobrinhas? Ou, quantas vezes alguém aí já quis dar uns sopapos no amigo que não para de contar como está solitário após terminar o namoro?

Todos nós somos chatos. Chatinhos, irritativos. Basta uma intensa convivência para perceber. Falamos de coisas desinteressantes, temos alguns hábitos detestáveis e manias que não merecem ser descritas. E, mesmo assim, gostamos de reclamar de como os outros são chatos. Não percebemos, na verdade, que estamos falando de nós mesmos. Costumamos criticar aquilo que não conseguimos aceitar nos outros, mas não vemos que algo só incomoda quando não somos tolerantes. Tudo bem, nem tudo deve ser tolerado, mas a maioria das coisas, pode.

E, enquanto estamos ali, tentando mudar os outros, perdemos a oportunidade de nos modificar. Talvez, se nos colocássemos no lugar daquele que nos incomoda, perceberíamos como ele também nos acha chato e passaríamos mais tempo pensando em nós.


Sabem o que é pior do que sentir dor? Ter medo de sentir dor.

Nossos medos são os problemas mais difíceis de encarar. Sim, porque quando existe uma dificuldade externa, você vai lá e resolve. Agora, o temor ou o pavor que o cérebro cria em relação as coisas só pode ser solucionado pelo próprio criador. E como?

Transformar padrões de pensamento não é uma atividade simples, nem possui fórmula pronta. Exige muito esforço e tentativas. E o resultado, quase sempre, é desanimador. É preciso ter paciência e vontade. E, às vezes, aprender a conviver com as engenhosidades de nossa mente.

Enfim, não creio que exista um caminho único para superar as temerosidades, até porque cada um tem seus próprios medos, peculiares, estranhos, engraçados. Eu tenho medo de sentir dor. E eu sempre sinto dor. No fundo, eu sei que só vou parar de sentir dor quando deixar de ter medo. Aí, voltamos à questão anterior: como? Já usei várias táticas, mas ainda não encontrei a correta. Enquanto isso, vou tentando. Algum dia dá certo.


Confesso, às vezes me sinto decepcionada comigo. Tenho me portado de forma intolerante e perdido o controle com coisas pequenas. Coisas insignificantes. Pura implicância, sabe? É como se o tanque de pequenos incômodos estivesse transbordando, e cada nova gotinha fizesse muita diferença. No fundo, é tudo resultado de uma mistura de estresse, insegurança e imaturidade. Mas quem nunca?


É, eu sei que tenho que melhorar. E me cobro muito, neste sentido. Me cobro demais, às vezes, e me culpo por andar à passes lentos. Porque eu queria ser perfeita, queria ter todas as qualidades do mundo, mas quem nunca?

Reluto, sim, em ceder às mudanças. Sou orgulhosa. Quero tudo do jeito que imagino que deve ser. Mas ando descobrindo que tudo pode ser mais leve se eu aceitar as tortuosidades do caminho. Aceitar as minhas tortuosidades. Ainda preciso aprender muito, soltar as rédeas, me soltar. Mas quem não precisa?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Como a gente reaprende a se amar? Melhor, quando a gente deixa de se amar?

Primeiro, e sempre é assim, é só começar a perder o amor próprio, permitindo que alguém te desrespeite. E isso não é tão difícil, na verdade. Basta um pouco de ingenuidade ou, talvez, um excesso de paixão. Outro requisito é encontrar uma pessoa egoísta o suficiente para não se preocupar com você, e isto existe aos montes.

Depois de toda a situação armada, deixe a outra pessoa fazer você acreditar que você não vale nada e merece ser humilhada. Machucada. Traída. Não debochem de mim, leitores: isso é mais comum do que parece. E, dependendo do contexto,a situação até pode ser fatal.

Resumindo a história, depois de perceber a grande burrada que fez, você ainda terá que lutar contra palavras cuidadosamente calculadas para não te permitir sair do meio da lama. Mesmo assim, você conseguirá, mas sentirá um grande remorso por um longo período. Sim, aquelas palavras te acusando continuarão na sua cabeça. Até que, um dia, perceberá o que realmente aconteceu e se libertará para o mundo.

O problema é que essa liberdade não será completa. Você vai carregar consigo as feridas, e se protegerá atrás de um excessivo zelo. Só que zelará pelo amor próprio que já não tem mais. E como vai sofrer com isso. Precisará reconquistar esse sentimento, mas como?

Eu ainda não sei como. Estou tentando aprender. E tenho noção de que, no meio deste processo, erro muito mais do que acerto. Mas, entendam: eu não preciso que apontem onde estão as minhas falhas. Não agora. Eu só preciso que compreendam o quanto eu já sofri pelo simples fato de ser imperfeita, tão imperfeita como qualquer outra pessoa. Como qualquer um de vocês. Como todos vocês. Apenas, me aceitem como eu sou.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Bom, o título desse post resume tudo. Nem precisaria falar mais nada. Porque um dia qualquer, você acorda de manhã e se olha no espelho enquanto está escovando os dentes, e leva um susto ao perceber que algumas coisas mudaram desde a última vez que você prestou atenção em você. O cabelo está sem brilho e a cor está feia, as olheiras aumentaram de forma inversamente proporcional à sua disposição e, dependendo da idade, a maior preocupação oscilara entre as espinhas e as rugas.

E assim vai. Se você é gorda, vai achar que engordou mais. Se é magra, tem a impressão de que a clavícula está querendo pular fora de seu corpo. Se está em forma, vai achar qualquer outra coisa pra reclamar. Agregue a isso algumas palavras na hora errada, a falta de bons elogios - em casa, no trabalho e até mesmo dos serventes de uma construção qualquer - e sua autoestima migra para o pé.

Eis a natureza feminina: viver entre altos e baixos. Sim, garotos, e tenham certeza de que mulher que faz de conta que nada a atinge, está escondendo o jogo. Porque todas somos assim: um misto de bons e maus momentos, sempre regados com muito drama. Mas se acalmem: tudo isso passa. E volta de novo, mas enfim. Seria necessário que vocês nascessem de novo, dentro de um corpo feminino, para entender o que passa em nossas cabecinhas insanas.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Eu não gosto de ir em cemitérios, nem costumo dar muita importância para datas comemorativas, nem associar sentimentos à elas. Mas hoje, está sendo diferente. Hoje eu lembrei dele o dia inteiro. Hoje eu me senti muito abandonada.

Não é algo tão recente mas, por alguma razão, hoje doeu. Eu não sei explicar quanto nem como, mas doeu. Parecia que eu estava sozinha no mundo. Parecia que ninguém, nunca mais, iria me proteger.

É estranho porque, no fundo, nossa relação não era muito profunda, como deveria ser. É estranho, porque eu penso que ele nunca me protegeu de verdade. Mesmo assim, hoje, eu senti essa dor da solidão, do abandono. E como dói.

Só queria um abraço forte agora.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Meu aniversário tá chegando de novo e, pela primeira vez, isso tem me deixado mais angustiada do que feliz. O motivo é simples: estou chegando muito perto dos 30, e isso dá um grande medo. Não é o número em si nem a preocupação em ficar velha. É o fato de pensar que eu ainda me sinto uma criança, tentando dar os primeiros passos, às vezes me apoiando para não cair, outras precisando de apoio para levantar. Eu olho para os lados e todo mundo parece tão adulto, tão seguro de si...

Daí eu olho para dentro de mim e vejo todos estes pensamentos confusos, que caminham entre a força e a fraqueza, a coragem e o medo, a dúvida e a certeza, sem saber ao certo que rumo tomar, ou pelo menos como chegar a algum lugar. Existe em mim uma dualidade tão grande entre crer e desacreditar, temer e confiar, lutar e desistir. Por momentos, tudo é tão difícil de alcançar e a realização parece tão distante...

Só que esses quase 27 anos vividos não foram em vão. Eles foram suficientes para acumular alguma experiência e saber onde encontrar forças para continuar, mesmo com as dúvidas, mesmo com os medos, mesmo que, por vezes, a desesperança toma conta. Machuca olhar para trás e perceber que muita coisa poderia ter sido diferente mas, ao mesmo tempo, saber que superei muita coisa traz coragem pra avançar e ultrapassar os limites e barreiras criados pela mente, por mais que esse processo seja lento e exija paciência e perseverança.

Ao completar 27 anos, eu ainda posso me sentir uma menina, ainda vou ter medos e poderei sofrer com a inconstância que só quem pensa demais sabe como é. Mas desta vez, neste ano, eu decidi que vou mudar. Está na hora de ser realmente feliz.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Muitas coisas legais acontecem no dia 25 de julho: é o dia do escritor, do colono e do motorista, dia da República na Tunísia e o dia em que nasceu o Ney Latorraca. Mas também é o dia em que o Lucas nasceu, o que é uma coisa muito triste, porque depois de nascer ele cresceu, eu conheci ele, me apaixonei perdidamente e agora não consigo mais viver sem ele. Triste, isso.

E eu até comprei presente e enviei um cartãozinho virtual - veja a que ponto cheguei. Mas tudo bem, sorte que ninguém jogou um feitiço em nós, eu não sou um falcão e ele não é um lobo*. Imagina, se eu não consigo ficar um dia sem ver ele, esse negócio de “eternamente separados” seria um caos. Fora que eu não tenho vocação pra ser ave.

E depois, quem ia passar o tempo inteiro me enchendo de beijos? Beijo de lobo deve ser estranho. E quem ia dizer pra eu me cuidar, pois gênia da música como sou, possuo grande tendência em morrer aos 27? E quem ia gostar de assistir filmes dos anos 80 comigo? E falar mal de jogador de futebol?

Tudo bem que ele não ache muito legal que eu queira pintar meu cabelo de rosa, nem que eu queira gravar um funk e posar pelada, né. Mas eu compreendo. Ele não precisa me apoiar nas minha ideias loucas, quando ele sempre me apoia em todo o resto. Sempre, mesmo. Por isso e por muito mais, eu amo ele e digo que é uma infelicidade ele ter nascido, porque agora eu me sinto tão arrebatada por esse sentimento e tão vulnerável ao mesmo tempo... Droga. Que vida deprimente.

Mas já que ele nasceu, só me resta aproveitar a presença dele na minha vida e desejar um ótimo aniversário. É, é isso.

*O feitiço de Áquila, 1985

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Todo esse medo que você sente, garota, só sabe fazer teu corpo tremer e teus olhos crescerem diante de teus inimigos imaginários. Toda essa dor, essa agonia, corrói o teu corpo por dentro, lentamente, deixando um grande vazio que jamais será preenchido.


É preciso ter cuidado, garota, pra que a dor não se torne um vício o qual você não conseguirá viver sem. Eu sei, garota, existe um certo prazer na melancolia que faz teu coração bater mais forte. Mas não se engane, essa deprimente felicidade vai tão rápido como chegou. Você pisca e ela não está mais lá, só sobram teus sofríveis devaneios.

Escuta, garota. Você tem que reagir. Também existe prazer na felicidade, não tema experimentá-la. Pare de olhar pra baixo, para o próprio umbigo. Fure essa bolha e corra pro mundo. Eu compreendo, todos têm suas lanças afiadas, prontas para perfurar-te o físico. Mesmo assim, não fique insegura. Eu estarei contigo, pra te confortar. Eu sou tua consciência.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Era uma vez uma garota de alma triste, da mesma cor azul-acizentada que possuem aqueles bancos de praça antiga nos filmes de época. E quando ela sorria, exibia um sorriso leve, que escondia toda aquela melancolia que guardava dentro de si. Mas, ironicamente, ela se sentia bem dentro de seu mundinho triste. Gostava de pensar na vida de forma saudosista, com saudades de um tempo que nunca viveu.

No entanto, por alguns períodos, toda aquela tristeza ganhava tons mais sombrios e formas mais agressivas, extravasando seu pequeno corpo e partindo para o mundo, rolando em lágrimas de um sofrimento inexplicável. E ela tentava esconder de todas as pessoas aqueles sentimentos, para que ninguém descobrisse quão complexa e dramática era sua essência.

Mas, na verdade, tudo o que ela queria era encontrar um olhar amigo, que a aceitasse daquele jeito estranho de ser. Porque ela sabia que eram poucos os que possuíam paciência e carinho suficientes para compreender e confortar qualquer problema que não fosse os seus próprios. Enquanto isso, ela fingia que não era nada importante, porque estava cansada de ser abandonada. No fundo, só queria ser feliz.

Querem saber uma verdade? Ninguém se importa com a gente. Ninguém quer saber de nossos planos, nossos sonhos. Muito menos de nossas dores. Ninguém pergunta se o dia foi bom, se nos alimentamos bem, se alguém nos magoou. Ninguém quer saber por que passamos tanto tempo em silêncio ou o que nos preocupa. Ninguém está afim de ouvir nossas histórias, nossos lamentos. Ninguém se dispõe a nos compreender. Ninguém percebe que talvez possa ajudar a encontrar grandes soluções para pequenos problemas. É, meus amigos, estamos sozinhos. Todos sozinhos em suas cápsulas de sobrevivência.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eu tenho medo de levar uma vida monótona.
Eu tenho medo da rotina.
Eu tenho medo de ser infeliz.
Eu tenho medo de ser abandonada.
Eu tenho medo de sentir dor.
Eu tenho medo de que ninguém goste de mim.
Eu tenho medo de pessoas com transtornos maiores que os meus.
Eu tenho medo de ficar pra trás.
Eu tenho medo de ser a última a saber.
Eu tenho medo de pessoas egocêntricas.
Eu tenho medo de pessoas que falam demais.
Eu tenho medo de pessoas que falam de menos.
Eu tenho medo de falar demais.
Eu tenho medo de falar de menos.
Eu tenho medo de ser incompreendida no meio de tanta complexidade.
Eu tenho medo de mim.

quinta-feira, 26 de maio de 2011



Eu preciso das pessoas. E eu preciso que elas precisem de mim.
Eu preciso que me falem que eu sou necessária (apesar de saber que não sou insubstituível).
Eu preciso que sintam minha falta. 
Que me chamem, que me liguem, que queiram saber onde e como estou.
Parece neurose, carência, mas quem não precisa?

Quem não precisa de carinho? 
Quem não deseja ser amada todos os dias, o tempo todo?
Quem não espera por palavras que enaltecem?

Na verdade, são poucos detalhes. Poucos gestos.
Pouca coisa. Qualquer besteira. 
Mas eu preciso.

Caso contrário, eu encolho, me recolho e desmorono.
E choro baixinho, pra ninguém perceber...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Prestem atenção, meninos, vou tentar explicar de maneira rápida como funciona uma parte das mais complexas engenhocas do universo: o cérebro feminino. Dentro desta caixinha maravilhosa existe um termômetro que analisa a quantidade de atenção que a mulher está recebendo. Esse medidor está diretamente ligado a um painel de autoestima que, por sua vez, se conecta a um disparador de emoções.

Modo de funcionamento
Todos os fatos, palavras e emoções são captados pelos sensores deste termômetro, que os verificam em seus mínimos detalhes: se a amiga reparou a roupa nova, se o chefe reconheceu o trabalho bem feito, se o namorado/marido/amante lembrou de dizer que ela está linda... Enfim, todos os tipos de atenção dispensada são constantemente verificadas.

As informações recolhidas são levadas ao painel da autoestima. Se o marcador de atenção tiver recebido poucos sinais, a autoestima ficará no vermelho, o que irá disparar determinadas emoções, como a tristeza, a irritação ou até mesmo a raiva. No caso contrário, se houver muita atenção verificada, a autoestima estará no nível verde, o que desencadeará outros tipos de sensações: alegria, confiança e bem estar.

O resultado de tudo isso, vocês conhecem bem. E então, nem é tão difícil né?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Este é o resultado de uma criação coletiva pela Internet da qual eu participei, juntamente com o Bruno Philippsen e outras pessoas que não se identificaram. Confiram:


testo o resto que me resta
e resta um texto que me testa
neste gesto que me empresta
a voz de todos nesta festa

meço o preço, desço e peço
um começo ou um processo
pra que cesse meu cansaço
e só cresça o que eu esqueço  

meu apreço pelo verso
que eu nunca escrevi
pelos lugares que não vi
e momentos que não vivi
é escrito só por outros
é sentido só por poucos
e sonhado pelos loucos
que escrevem com seus dedos
pelos ares
seus sonhos e delírios
que só podem ser lidos
por aqueles que não podem ver
mas podem sentir
que estão nas entrelinhas
de versos não escritos
de palavras não ditas
os conselhos mal ditos

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Deus, eu gostaria de saber por que eu não consigo ficar triste. Será que compreendi que a morte não existe? Ou será que, depois de tudo, virei um bloco de gelo?

Me explica, por favor, que sentimento é esse que oscila entre compaixão por aqueles que choram e euforia em ver que uma jornada foi cumprida. É possível ficar tranquila ao ver alguém partir? É sensato? Ou será que tudo isso é apenas uma máscara para encobrir os sentimentos?

Ele está indo. E eu sinto culpa por não desejar que ele fique. Apenas quero que ele descanse. E que eu também possa descansar. Sou egoísta? Sou culpada? Bem, me sinto culpada. Queria me desesperar, queria sofrer, queria passar pelo mesmo que os outros.

Será que eu não gostava mais dele? Será que ele já estava morto em minha mente? Logo ele, que foi tão importante para mim. Mas isso faz tanto tempo...

Nos últimos anos ele era apenas um resquício daquilo que já foi um dia. Era apenas um corpo onde já não habitava mais toda aquela alegria que me fazia gargalhar. Era um homem esperando sua hora. Infeliz, miserável. Talvez eu compreendesse isso melhor do que os outros. Talvez eu soubesse que ele já estava do outro lado, apenas esperando o laço desatar.

Tchau, vô.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eu sou antipática à primeira vista. Essa é a opinião de quem olha para mim e vê apenas a embalagem, sem querer se aprofundar no conteúdo. Ou seja, é a opinião da maioria.

Porque as pessoas costumam  ficar somente com a primeira impressão, aquela mais supérflua e que em nada representa um ser por completo. Pense bem: você pode conhecer uma pessoa em um dia díficil e por isso pensar que ela é mal humorada. Por outro lado, você conhece alguém super sorridente que pode ser muito falso, e se deixa levar por essa imagem até o dia em que descobre a verdade, sempre da pior maneira.

Voltando ao início do texto, meus amigos sabem que eu não costumo mostrar os dentes para qualquer um. Sou séria e tímida. Ando na rua sem olhar para os lados, um tanto por timidez, outro tanto porque realmente não me interessa cuidar da vida alheia. Além disso, demoro até me soltar com pessoas novas, falo pouco e baixinho até me sentir confortável.

Mas isso não define meu caráter. Não é isso que vai me tornar esnobe, metida ou chata. São os atos diários que definem as qualidades e defeitos de qualquer pessoa. Pode ser que, depois de me conhecer, me ache esnobe, metida ou chata. Eu aceito. Só não me julgue tão rápido. Espere mais um pouco para tirar conclusões, e talvez você se surpreenda.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Toda mulher é um pouco insegura, mesmo aquelas que demonstram total autoconfiança. Sim, é uma característica feminina ter medo de não estar agradando e, consequentemente, não ser querida/amada/desejada. As mulheres possuem impregnado em seu DNA o ensinamento de que devem ser inferiores aos homens e isso é meio caminho para se sentirem inseguras. Afinal, como ser boa o suficiente para alguém que sempre será superior?

Teorias à parte, ando me sentindo insegura ultimamente. Mais do que deveria. Aquele medo de ser feia/chata/boba/burra - ou qualquer outro adjetivo pejorativo -, sabe? E isso até seria normal, se não estivesse afetando meu raciocínio lógico, no melhor estilo paranoia. Ok, não é pra tanto, eu diria medos exagerados. Qualquer gesto, atitude, palavra ou falta delas me leva a criar todo um enredo imaginário que culmina nas inseguranças acima citadas.

Mas por que isso agora? Fácil responder. Nunca todas as coisas estiveram tão perfeitinhas no meu mundo sempre tão caótico. E parece que encontrar problemas o torna mais real. É um pensamento totalmente estranho mas, no fim das contas, acho que muitas também passam por isso.

E tem remédio, doutor? Tem, sim senhora. Onde compra? Não compra, manipula., dentro do cérebro. (...) Ainda preciso descobrir a fórmula.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Há algum tempo atrás, dizia-se que as mulheres que admitiam gostar de sexo, que caçavam os homens - e  muitos deles ao mesmo tempo - e que trocavam de parceiros constantemente, estavam invertendo os valores sociais e morais, já que mulher devia ser um exemplo de bom comportamento para os filhos e para o resto do mundo.

Mas como o mundo gira, aquelas que antes eram consideradas vulgares e despudoradas foram se tornando a maioria e, por isso mesmo, passaram a ser aceitas, respeitadas e até mesmo reverenciadas por seus atos, já que mostravam que as mulheres tinham conquistado o direito de fazer o que quisessem de suas vidas - e de seus corpos.

E tudo seguia normal, até que uma marca de cerveja e uma cantora mais ou menos resolveram sair por aí querendo complicar aquilo que já estava resolvido, ao dizer que ser safada era ter um casamento certinho e nunca falar de sexo, já que os pais a ensinaram que mulheres deviam ser castas e obedientes por toda a vida. A moçoila teve a ingenuidade de dizer que era saidinha porque dançava em cima da mesa. Quer dizer, a ideia é inverter novamente os valores e fazer todo mundo voltar à época pré-feminismo, onde uma mulher mostrar a perna já era algo muito ousado.

Pode ser só uma campanha publicitária, mas certamente ela foi bolada por homens e, eu me arrisco a dizer que existe, sim, uma mensagem subliminar nesta história, para que as mulheres voltem a ser 'santinhas', certinhas e podadas em suas atitudes. É um retrocesso.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A verdade é que as mulheres gostam de homens com atitude. Não, eu não estou dizendo que vocês, guris, devem ser apelativos e por vezes forçar a barra. A atitude que me refiro é a de demonstrar iniciativa, interesse, atração, vontade de estar perto. É a coragem de expressar o que sentem e o que querem, por palavras e por gestos. Mas, também, a capacidade de dizer o que não querem. Sim, isso é muito importante, porque as mulheres podem até ter um sexto sentido aguçado, mas não lêem mentes!

Conheço muitos homens que namoram mulheres as quais não fazem a mínima ideia de que eles as acham controladoras, ou ciumentas, ou má cozinheiras, ou ruins de cama, whatever. Ok, eu não estou dizendo que agora vocês devem despejar todas as suas críticas ao universo femininino assim, sem dó nem piedade. Cavalheirismo ainda está em alta! Então, sejam sinceros, mas com delicadeza. Mulheres sabem perceber uma crítica sutil.

No entanto, delicadeza só é legal até a página 9. Na página 10, começa o capítulo da intimidade. E entre quatro paredes, ser muito cavalheiro significa ser morno. I mean, se você é do tipo "muito respeitador", ficadika:  não fique esperando que a menina diga o que ela quer que você faça. Claro, enquanto não conhece bem o território onde está pisando, essa é uma atitude muito legal. Mas depois, passa a ser uma falta de atitude.

Outra coisa: um homem que não interage na cama - e fora dela também -, tem a mesma utilidade que um vibrador. Falem o que estão sentindo, perguntem também! Elogiem, digam o que gostam! Falem coisas picantes! Pequenos diálogos ao pé do ouvido são sempre bem vindos. Tem tanto cara por aí que faz tudo de forma tão solitária e egoísta que não entendo que tipo de prazer eles sentem. Mal sabem que o prazer maior está na troca, na cumplicidade. Portanto, se interessem por suas parceiras, e não tenham medo de parecerem invasivos - ok, trocadilho infame -, pois certamente elas vão agradecer e retribuir generosamente...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eu não sei dizer 'Eu te amo'. Na verdade, eu nunca disse. Quer dizer, nunca disse com a sinceridade necessária. Não que eu não amasse ninguém, em absoluto. Eu amo e amei. A questão é que meus 'Eu te amo' sempre saíram fraquinhos, com medo da felicidade.

Sempre me pareceu algo muito revelador contar a alguém o meu amor. Enquanto o sentimento está lá, guardadinho e secreto, também está protegido e nunca vai acabar. Mas, depois que se mostra ao mundo, ahh... se transforma em palavra dita, é o registro de uma emoção viva. E, pela lógica, tudo que tem vida também morrerá, algum dia.

Por isso, prefiro não dizer nada. Ou preferia. Porque tantos amores acumulados acabam por ocupar muito espaço na caixinha dos sentimentos. Eles precisam ser falados para tomar forma, ganhar vida, ganhar o mundo. Desocupar, deixar de apertar o peito. Mas como fazer?

É mais fácil falar pelo olhar. Pelas mãos. E pela boca, como fazer? As palavras não travam na garganta, mas no cérebro. Ele espera o momento certo, e o momento nunca parece ser certo. Ele espera a melhor chance de encontrar a resposta que quer que os ouvidos ouçam. Porque, no final das contas, amor sem reciprocidade fica melhor quando está guardado, mesmo.