Bom dia. Antes de começar a escrever, eu gostaria de me apresentar: sou ninguém. Não, esse não é um texto sobre lamentos e fracassos. É apenas a mais óbvia constatação de que, até a hora que você começou a ler estas palavras, eu não existia. Assim como você não existe para mim, estranho.

Reconhecidos estes fatos, é possível entender por que tanta gente busca arduosamente a fama – eterna, de preferência. Uma pessoa não existe senão para aquelas que a conhecem e, quanto mais gente a conhecer, mais ela estará presente. É uma questão de sobrevivência: queremos nos manter vivos o maior tempo possível! Dessa forma, alguém muito famoso se manterá vivo mesmo depois de morto, de acordo com a importância daquilo que fez/foi/disse.

Enfim, voltando ao início: eu não sou alguém importante para você. Não faço falta na sua vida. Você não depende financeiramente nem afetivamente de mim. Mas é provável que exista algum cantor que tenha uma música que mudou a sua vida e você sempre se lembrará dele. Tudo bem, “mudou a sua vida” soou um pouco radical, mas digamos que algum cantor, ator ou escritor de livro de autoajuda disse alguma coisa que o fez repensar conceitos: essa pessoa é especial para você e permanecerá em sua lembrança.

Esse é o ponto principal de toda a história: a lembrança. Desejamos e precisamos ser lembrados, pois queremos ser alguém. E fazemos um pouco de tudo para isso, como escrever textos, por exemplo. Ou atirar em pessoas dentro de uma sala de cinema. Ou posar sem roupas para revistas de gosto duvidoso. Na verdade, não importa o que fazemos, mas sempre fazemos alguma coisa para sermos lembrados. Basta saber se essa coisa é boa o suficiente para conseguir o que se quer.