Eu não sei dizer 'Eu te amo'. Na verdade, eu nunca disse. Quer dizer, nunca disse com a sinceridade necessária. Não que eu não amasse ninguém, em absoluto. Eu amo e amei. A questão é que meus 'Eu te amo' sempre saíram fraquinhos, com medo da felicidade.

Sempre me pareceu algo muito revelador contar a alguém o meu amor. Enquanto o sentimento está lá, guardadinho e secreto, também está protegido e nunca vai acabar. Mas, depois que se mostra ao mundo, ahh... se transforma em palavra dita, é o registro de uma emoção viva. E, pela lógica, tudo que tem vida também morrerá, algum dia.

Por isso, prefiro não dizer nada. Ou preferia. Porque tantos amores acumulados acabam por ocupar muito espaço na caixinha dos sentimentos. Eles precisam ser falados para tomar forma, ganhar vida, ganhar o mundo. Desocupar, deixar de apertar o peito. Mas como fazer?

É mais fácil falar pelo olhar. Pelas mãos. E pela boca, como fazer? As palavras não travam na garganta, mas no cérebro. Ele espera o momento certo, e o momento nunca parece ser certo. Ele espera a melhor chance de encontrar a resposta que quer que os ouvidos ouçam. Porque, no final das contas, amor sem reciprocidade fica melhor quando está guardado, mesmo.