Era uma vez uma garota de alma triste, da mesma cor azul-acizentada que possuem aqueles bancos de praça antiga nos filmes de época. E quando ela sorria, exibia um sorriso leve, que escondia toda aquela melancolia que guardava dentro de si. Mas, ironicamente, ela se sentia bem dentro de seu mundinho triste. Gostava de pensar na vida de forma saudosista, com saudades de um tempo que nunca viveu.

No entanto, por alguns períodos, toda aquela tristeza ganhava tons mais sombrios e formas mais agressivas, extravasando seu pequeno corpo e partindo para o mundo, rolando em lágrimas de um sofrimento inexplicável. E ela tentava esconder de todas as pessoas aqueles sentimentos, para que ninguém descobrisse quão complexa e dramática era sua essência.

Mas, na verdade, tudo o que ela queria era encontrar um olhar amigo, que a aceitasse daquele jeito estranho de ser. Porque ela sabia que eram poucos os que possuíam paciência e carinho suficientes para compreender e confortar qualquer problema que não fosse os seus próprios. Enquanto isso, ela fingia que não era nada importante, porque estava cansada de ser abandonada. No fundo, só queria ser feliz.