Todo mundo é chato de perto. Começo esse texto com uma frase bem clichê, que foi usada pela Marília Pêra, dia desses, pra falar sobre as dificuldades de se manter um casamento. A frase pode ser clichê, mas seu sentido é inegavelmente verdadeiro. E eu não me refiro somente à relacionamentos amorosos, mas a qualquer um deles. Quem não pensa, durante o trabalho, em dar uma chave de braço naquele colega irritante que só fala abobrinhas? Ou, quantas vezes alguém aí já quis dar uns sopapos no amigo que não para de contar como está solitário após terminar o namoro?

Todos nós somos chatos. Chatinhos, irritativos. Basta uma intensa convivência para perceber. Falamos de coisas desinteressantes, temos alguns hábitos detestáveis e manias que não merecem ser descritas. E, mesmo assim, gostamos de reclamar de como os outros são chatos. Não percebemos, na verdade, que estamos falando de nós mesmos. Costumamos criticar aquilo que não conseguimos aceitar nos outros, mas não vemos que algo só incomoda quando não somos tolerantes. Tudo bem, nem tudo deve ser tolerado, mas a maioria das coisas, pode.

E, enquanto estamos ali, tentando mudar os outros, perdemos a oportunidade de nos modificar. Talvez, se nos colocássemos no lugar daquele que nos incomoda, perceberíamos como ele também nos acha chato e passaríamos mais tempo pensando em nós.