terça-feira, 11 de setembro de 2012


Eu te perdôo por não estar presente nos momentos mais especiais da minha vida: nas festas de família, nas apresentações da escola, nos aniversários...

Eu te perdôo por sempre me deixar ansiosa esperando sua presença como quem espera um grande presente que só é entregue a conta-gotas.

Eu te perdôo por ter partido tão cedo, por ter partido duas vezes: primeiro, de minha vida, depois, da sua.

Eu te perdôo por ficar contra mim e achar que eu não gostava de ti, depois que ficou doente. Nunca nos deram tempo e espaço para conversarmos melhor sobre isso.

Eu te perdôo por ter me delegado o papel de “segunda”, por ter feito eu esperar, por ter marcado para sempre a minha relação com os homens, tornando difícil a entrega.

Eu te perdôo por me abandonar. 

Até a próxima vida.

domingo, 5 de agosto de 2012


Bom dia. Antes de começar a escrever, eu gostaria de me apresentar: sou ninguém. Não, esse não é um texto sobre lamentos e fracassos. É apenas a mais óbvia constatação de que, até a hora que você começou a ler estas palavras, eu não existia. Assim como você não existe para mim, estranho.

Reconhecidos estes fatos, é possível entender por que tanta gente busca arduosamente a fama – eterna, de preferência. Uma pessoa não existe senão para aquelas que a conhecem e, quanto mais gente a conhecer, mais ela estará presente. É uma questão de sobrevivência: queremos nos manter vivos o maior tempo possível! Dessa forma, alguém muito famoso se manterá vivo mesmo depois de morto, de acordo com a importância daquilo que fez/foi/disse.

Enfim, voltando ao início: eu não sou alguém importante para você. Não faço falta na sua vida. Você não depende financeiramente nem afetivamente de mim. Mas é provável que exista algum cantor que tenha uma música que mudou a sua vida e você sempre se lembrará dele. Tudo bem, “mudou a sua vida” soou um pouco radical, mas digamos que algum cantor, ator ou escritor de livro de autoajuda disse alguma coisa que o fez repensar conceitos: essa pessoa é especial para você e permanecerá em sua lembrança.

Esse é o ponto principal de toda a história: a lembrança. Desejamos e precisamos ser lembrados, pois queremos ser alguém. E fazemos um pouco de tudo para isso, como escrever textos, por exemplo. Ou atirar em pessoas dentro de uma sala de cinema. Ou posar sem roupas para revistas de gosto duvidoso. Na verdade, não importa o que fazemos, mas sempre fazemos alguma coisa para sermos lembrados. Basta saber se essa coisa é boa o suficiente para conseguir o que se quer. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mulher precisa de elogio. Fato. E mulher precisa de elogio pela mesma razão que homem precisa de carro novo: autoestima. É o combustível, aquilo que vai fazer ambos se olharem no espelho e pensarem: eu valho alguma coisa.

Mas, no caso da mulher, o elogio precisa ser verbal. Homem sabe que é valorizado quando olham pro seu carro com admiração, mas mulher é diferente. Ela só vai ter certeza que é admirada se ouvir isso da boca de alguém. De qualquer pessoa, diga-se de passagem. Em especial de outras mulheres. Mas, no fundo, o elogio que mais vale, que mais motiva, que faz uma mulher ter força nos momentos difíceis, é aquele que vem de quem ela está mais próxima, de quem mais ama e respeita.

Falta de elogio tem como resultado a desmotivação. Insegurança. Sentimento de incapacidade. Elogio é tão importante que não há mulher que nunca tenha usado artimanhas diversas para chamar a atenção e ganhar uma palavra positiva. Pior é quando o homem não entende tal necessidade e frustra todas as expectativas femininas. Daí surgem as mulheres chatas, ranzinzas, deprimidas, histéricas até. Se eles soubessem como é fácil deixar uma mulher feliz...

domingo, 6 de maio de 2012

Chorar, baixinho
Debaixo do edredon
Pra somente o travesseiro saber.

Chorar, mas que o mundo não saiba
Porque ninguém vai entender
A maneira que dói a minha dor.

Chorar, porque só a lágrima alivia
Aquilo que já não dá pra esconder
Aquilo, que não encontro resposta

Chorar, porque não dá pra controlar
Porque a solução não vem
Porque a paciência não é meu dom

Enxugar as lágrimas rapidamente
Pra não ter que explicar o que foi
Porque ninguém quer saber o que foi.


segunda-feira, 2 de abril de 2012


Ciberhipocondria, segundo o Google, é a palavra que vem sendo usada para denominar aquelas pessoas que possuem um medo exagerado de estarem gravemente doentes e, pior de tudo, usam a Internet para se autodiagnosticarem, já que não confiam na opinião médica.

Dito isso, eu assumo: sou ciberhipocondríaca. Viram, já estou me autodiagnosticando. Para ser mais específica, meu medo não é de contrair alguma doença fatal, mas de sentir os sintomas, associados ou não à dor. E, claro, o que acontece comigo? Eu estou sempre com algum sintoma, fato que me leva a pesquisar todas as doenças existentes na web e assistir a todos os episódios de House.

Naturalmente que, em algumas ocasiões, eu me rendo e vou ao médico. E esses momentos tendem a ser um misto de constrangimento e diversão. Após explicar detalhadamente tudo o que eu estou sentindo (o que leva cerca de 30 minutos, deixando irritadíssimos os pacientes que estão na sala de espera), o médico me pede alguns exames e prescreve alguns medicamentos. Nessa hora, eu inicio a fase de confrontamento e perguntas: mas esse remédio não vai ser prejudicial à minha gastrite? Quais são os efeitos colaterais? E esses exames não podem ser complementados por mais este outro aqui?

Creio que a maioria dos médicos que eu fui, me detestam. Vários anos de faculdade e especializações para serem questionados por uma qualquer, que sabe tudo de... Wikipédia. E eu imagino a frustração deles pois, como designer, sempre uso um exemplo clássico quando os clientes tentam palpitar no meu trabalho: por acaso você vai ao médico e diz pra ele que o remédio que ele receitou não é o que você deve tomar?

É. Eu faço isso. Acho que está na hora de... trocar de exemplo.

sábado, 24 de março de 2012


Essa não é a primeira vez que eu penso no assunto, mas certamente é a primeira em que eu faço isso tão copiosa, entre a tristeza e a alegria de perceber que eu não seria ninguém se não escrevesse. Não é uma hipérbole: sem um teclado para desabafar – ou um lápis e um bloco de notas -, acredito que já teria concretizado algumas daquelas besteiras que me vêm à mente em momentos insanos, quando já não aguento mais essa dor que, por vezes, rasga meu peito, aperta meu coração e não encontra espaço para ressoar entre ouvidos capazes de escutar e compreender.

É por isso que eu escrevo: para jogar ao mundo meus problemas, talvez no desejo de encontrar uma resposta carinhosa e afável vinda de algum lugar distante; talvez para descarregar de meus ombros todo esse peso sentimental que guardo dentro de mim e nunca consegui expelir de outra forma.

Já me disseram que é da dor que nasce a melhor arte, a mais bela. Eu discordo. Não creio que falar sobre si mesmo seja uma forma de arte, nem que a identificação dos leitores ocorra pelo mérito criativo. Na maioria das vezes, apenas nos identificamos com os problemas dos outros e, nesse processo de acolhimento, tomamos como nossas as palavras deles, porque parecem que foram feitas especialmente para nós. E foram. Todos nós sofremos com coisas tão parecidas, mas não nos comunicamos, temos medo de falar! Temos vergonha de sofrer e por isso nos trancamos em nossos quartos para chorar; ou colocamos um sorriso no rosto para esconder da sociedade aquilo que pensamos que ninguém vivencia.

Sejamos sinceros para admitir que nossa vida é mais o inferno do que o céu. É exatamente isto que estou tentando ser e esse é o real motivo que me leva a escrever.

segunda-feira, 12 de março de 2012


O que toda mulher quer é ser valorizada. Depois de ser conquistada, ela quer ser reconquistada. Porque a reconquista é um processo diário, que envolve palavras, olhares e gestos.

Eu também quero ser, todos os dias, a cada pouquinho, reconquistada. Em casa, no trabalho, no amor. Quero que vejam as coisas que eu faço e reconheçam minha competência. Quero que leiam meus textos com atenção. Quero pequenos elogios sobre como o meu cabelo está bonito ou como minha roupa é legal. Quero apoio moral e um ombro pra desabafar, quando for preciso.

Quero que meus sacrifícios sejam levados em conta, que minhas crenças sejam respeitadas e meus defeitos sejam compreendidos. Quero que meus limites sejam respeitados. Quero que os outros se esforcem por mim na mesma proporção que eu faço por eles. Quero o justo, mas também quero me surpreender com alguém que fez algo sem almejar nada em troca, que o fez só por gostar de mim.

Quero tudo isso para sentir o mesmo prazer ao retribuir. Quero, enfim, o que todas queremos:  nos sentirmos amadas, para também amar sem cobranças.