Ele é um ser estranho. Não, na verdade, intrigante. Instigante. O jeito que ele olha... Ele me faz pensar que talvez meus devaneios a seu respeito tenham alguma reciprocidade. Fico confusa. Seria mais fácil me ignorar, assim eu teria certeza que a obsessão é só minha. Mas claro, toda obsessão engloba também a loucura de pensar que o outro pensa o mesmo que você.

Mas não é o caso de pensar que eu esteja fascinada a esse ponto (os loucos nunca acham que são loucos). É apenas uma forma de sair da rotina, criar fantasias e agradar a mente. Resumindo, tudo isso me distrai. Observar ele, tentar entendê-lo... É mais fácil do que tentar entender-me. Viver no mundo da imaginação é mais seguro do que enfrentar a realidade. Aqui, eu posso controlar tudo. Posso até controlar os outros. Posso permitir que ele seja quem eu quiser. E ele é.